Embora tenha amor pela Sega, sempre fui Nintendista. Tive quase todos os consoles desde o NES, defendi causas impossíveis (GameCube? Maior videogame) e o primeiro jogo que instalo em qualquer computador (ou portátil, se possível) é “Zelda 2”. De modo que comprei o 3DS assim que saiu, com “Ocarina of Time” remasterizado e o”Pilotwings” novo.
“Ocarina” era um jogo antigo e “Pilotwings” era só tenebroso, mas achei o 3DS promissor. De quebra, a loja virtual — inaugurada uns tempos depois do lançamento — tinha “Mario” de Game Boy e “Link’s Awakening”, que serviriam para passar o tempo até que saísse algo de novo.
Os jogos vieram, uma sucessão de remakes e “versões definitivas” (“Cave Story 3D”, “Star Fox 64”, “Metal Gear Solid: Snake Eater 3D”, “SMT: Devil Survivor Overclocked”), relançamentos (“Bit.Trip Saga”, “VVVVVV”) e séries obrigatórias e sem nenhuma novidade (“Mario Kart 3D”). Na loja eletrônica, clássicos de NES, Game Boy, GBA e Game Gear, além dos tais remakes em 3D, como “Xevious” e “Kirby’s Adventure”.
Nunca é demais
Ei, acho ótimo poder jogar “VVVVVV” ou “Metroid” num portátil, mas a verdade é que a maioria desses jogos está disponível até para o meu microondas. Também fiquei feliz quando a Nintendo ofereceu diversos jogos de graça para quem havia comprado o 3DS antes da redução de preço, mas não justifica a estratégia estrambelhada de lançamento.
Dos títulos da casa, sempre o forte da Nintendo, gostei do “Super Mario Land”. O 3D é bem utilizado como elemento de jogo, o design de fases é brilhante e eles ainda trouxeram de volta a Tanooki Suit. Todavia — e até para o mais ferrenho dos apologistas (oi) —, nada pode justificar um jogo tão curto e tão fácil. Numa tentativa de cativar novos jogadores para a franquia, a Nintendo fez metade de um jogo bom.
Não gosto de “Resident Evil” (sim, eu joguei “RE4”), mas o capítulo para 3DS foi muito elogiado. E também não joguei “Kid Icarus” e “Tales of the Abyss”, embora leve fé. Todavia, esses eu não joguei porque os preços dos cartuchos são abusivos e estão em descompasso com a realidade. Sei que a maioria das dezenas de jogos que se pode comprar com o mesmo dinheiro no iPhone não presta. E acredito que os portáteis possam conviver com tablets e telefones, em faixas de preço distintas. O Vita, por exemplo, parece ter começado no caminho certo, pelo menos no que diz respeito à distribuição digital. Ainda assim, acho que o que determina o sucesso de um console são os jogos, e o 3DS está devendo.
A exceção até agora foi “Pushmo”, um quebra-cabeças divertidíssimo e inteligente, vendido no eShop a sete dólares. Se a loja virtual oferecesse jogos ainda mais elaborados (e pesados), como “Kid Icarus” ou “Tales of the Abyss”, talvez as outras produtoras, desobrigadas da produção de cartuchos e da distribuição, pudessem trabalhar com preços mais competitivos. Claro que nada impede a Nintendo de adotar esse modelo mais para frente, embora eles sejam espantosamente teimosos.
"Pushmo"
Um ano ainda é pouco para um console, basta lembrar do começo difícil do PS3. Ainda acho que o 3DS será um sucesso. Ainda acho que o Wii U será excelente. Ainda acho que o próximo Mario e o próximo Zelda e o próximo Metroid serão bons. Ainda. Sério. Mesmo.