Xenoblade Chronicles
03/05/12 15:56Gosto bastante do Wii, apesar de tudo. Fico incomodado quando preciso chacoalhar os braços à toa e seria bom se contasse com uma seleção maior de títulos, mas ele teve uma porção de jogos ótimos, ainda que quase todos da própria Nintendo. De quebra, oferece diversos clássicos excelentes pelo Virtual Console e roda os disquinhos do GameCube. Ei, ele aceita o controle do GameCube, sabidamente o melhor joystick de todos os tempos. E até a WiiWare Store tem umas coisas interessantes.
O problema é que, nos últimos dois anos, usei o Wii muito mais para rodar jogos velhos do que novidades. Um Zelda aqui, um Donkey Kong ali e dezenas de programas de exercício, dança, ioga, deus me livre. Entendo, admiro e respeito a abertura a novos públicos praticada pela Nintendo, mas não sei pular corda e não pretendo aprender.
De modo que, quando “Xenoblade Chronicles” foi alardeado como uma redenção moral do Wii, a obra-prima que, numa tacada só, reinventaria o RPG japonês e justificaria a própria existência do console, dei quinze passos atrás. “Xenogears”, do PSX, está entre meus favoritos do gênero, e “Xenosaga”, do PS2, é um dos JRPGs mais idiossincráticos e teimosamente japoneses que conheço, no melhor dos sentidos. Mas “Xenosaga 2” foi para os jogos o que, sei lá, “Matrix Reloaded” e “Highlander 2” foram para o cinema. Rapaz, que fracasso imenso aquilo. Claro que todo mundo acaba soltando um jogo ruim hora ou outra, mas lembro de ter ficado genuinamente ofendido com “Xenosaga 2”. Vi as críticas positivas e a animação em torno do lançamento americano de “Xenoblade Chronicles”, mas achei impossível que fosse tudo aquilo.
Se você tem qualquer interesse por RPGs japoneses, se alguma vez achou graça num Final Fantasy, pule o texto e arrume uma cópia de “Xenoblade Chronicles”. O jogo é, de fato, tudo que o gênero deveria ter sido nesses últimos anos (o original japonês saiu em 2009, mas enfim). Há uma energia que está além da pompa técnica e das inovações. Para falar a verdade, não achei ele exatamente revolucionário. “Xenoblade Chronicles” incorpora as melhores ideias recentes dos JRPGs — com um tanto assim do RPG ocidental — para dar cara nova a algo que andava meio estagnado. Mas estão lá todos os cacoetes do gênero: angústia adolescente, menus gigantescos de progressão dos personagens, tabelinhas, diagramas, itens colecionáveis. Também não é um jogo cem por cento acessível. Nisso, ele pega a contramão de Final Fantasy, cujos lançamentos mais recentes tornaram a série bastante linear. Mas é tão envolvente e — desculpas — vibrante que deve mesmo renovar o interesse nos JRPGs.
Dizer que “Xenoblade Chronicles” é um jogo aberto é menosprezar o esforço da Monolith. Além de ser vasto (e lindo), há centenas e centenas de missões paralelas e o dobro disso em cantinhos a serem explorados. As missões em geral não trazem muita novidade: colete um certo número de itens, mate uma criatura ou outra. Ainda assim, elas não ficam repetitivas, e o grande barato do jogo é a maneira como ele incorpora essas tarefas naturalmente no próprio desenrolar da trama. Conversando com todo mundo, você recebe os pedidos de ajuda, mas também fica sabendo da vida das pessoas, de como é morar numa determinada região etc. Conforme avança na trama, naturalmente vai colher boa parte do que precisa para concretizar as missões. Mas, ao resolvê-las, você altera a relação dos coadjuvantes com o protagonista e, o que é mais importante, entre si. Ao cabo de algumas horas, é possível ter interferido profundamente na vida social de uma cidade, criando uma rede de relações entre os personagens. Há uma mapa que traça tudo isso com setas e lembretes, e um prazer gigantesco em conectar pessoas, conhecê-las, enfim. O que poderia ser um simples leva e traz acaba alterando tua relação com a própria narrativa.
A trama é surpreendentemente boa. Como disse, tem sua cota de angústia adolescente, mas estamos muito mal acostumados com a sobriedade dos RPGs ocidentais. Não que, por conta disso, ela seja leve, ou menos épica. E, ao contrário das cutscenes infinitas que marcaram a série no PS2, aqui é tudo integrado de forma natural à trama. Mas nada valeria se o sistema de combate fosse algo próximo de “Xenosaga 2”, onde a graça de cada encontro demorava dez minutos para começar. Levemente inspiradas em FFXII, as brigas de “Xenoblade Chronicles” acontecem no próprio cenário, sem interromper a ação. Mas o jogo também puxa um pouco do sistema de “Panzer Dragoon Saga”, do Sega Saturn, onde sua posição em torno do adversário faz diferença de acordo com o ataque empregado. É preciso combinar agilidade e estratégia, o que torna os embates divertidos e variados.
“Xenoblade Chrnonicles” chegou aos Estados Unidos depois de uma longa campanha na internet. Ele havia sido lançado na Europa, e essa é a versão que foi lançada no mercado americano. O mesmo grupo ainda batalhou a localização de mais dois jogos japoneses que só chegaram ao mercado europeu: “The Last Story” e “Pandora’s Tower”. Desses, apenas o segundo ainda não foi anunciado. Depois, só no Wii U.
Aqui, um trailer que dá uma ideia boa do escopo da coisa:
Estou jogando no momento e gostei muito. É um pouco parecido com Final Fantasy XII com um mundo complexo e a história é muito boa.
Boa citação sobre o controle do GameCube… falam tanto, se imita tanto o controle do Playstation (devido ao sucesso do PS2) que se esquecem… o controle do GC realmente é o melhor de todos, ainda tá pra nascer um controle com a quantidade de comandos que ele tem e que seja ao mesmo tempo extremamente anatômico, a pegada na mão é perfeita e os dedos não ficam distantes de nenhum botão…
Acho que o controle do PS2 já melhoraria muito se o analógico esquerdo e o direcional digital fossem invertidos, a la GameCube… tbm me confundo muito pra usar dois botões L e dois botões R… pelo menos no GC tem apenas um L e um R… e o Z quase não é usado, apenas para coisas auxiliares…
Passei numa loja estes dias e vi que o controle do XBox 360 é bem similar ao do GC na disposição dos botões e direcionais….
RPG é o que há !!!!!!
e tem muito a ser dito.
Hoje em dia quando sai um RPG de regular a bom é um alvoroço só porque o povo só sabe jogar o “gol-gol” e “tiro”, sem falar nos MM’s (^^).
Gosto de vários estilos de games mas discordo com o Daniel quando ele diz que o Conti poderia “sair” do tema RPG.
Até porque essa ainda é a parte 5 !
E por falar em RPG não podemos esquecer de Dragon Quest(Warrior) que emcabeça a lista dos melhoere 4ever.
André: sou fã do genero Rpg também (especialmente FF e Persona), mas acho que você não está dando atenção aos outros geêneros! Estamos vivenciando uma briga épica entre Forza e Gran Turismo, lançamentos de luta, adventure e esportes que levam o cérebro À loucura, além de jogos de batalha para deixar qualquer ser trancado em casa. Gosto da coluna, leio sempre que sai, mas acho que você poderia sair um pouco dos RPG’s!
Grande Abraço
Sim, de fato ando meio monotemático, obregado pelo toque.
Acho que falar em “limitação grafica” diante do console diante de um jogo desse é de um preciosismo extremo. Para quê graficos sempre melhores?
Uma vez fiz uma matéria sobre Super Mario, o personagem, e entrevistei um especialista em videogames. Ele disse e eu assino embaixo: nenhum realismo, nenhuma engine, nenhum PS3 (falando apenas no nivel tecnologico desses) substitui uma boa trama, um jogo acessivel e divertido.
O Final Fantasy IV, de SNES, é até hoje um otimo jogo.
Concordo com você. Só falei em limitações gráficas porque aparentemente muita gente se incomoda com isso. O Wii é o único videogame que tenho nessa geração, e não o trocaria por nenhum dos dois competidores.
Inclusive, há alguns dias saiu um artigo muito interessante no Destructoid, escrito pelo Jim Sterling que é um cara frequentemente crítico em relação ao Wii, em que ele teoriza que se o Wii não tivesse um hardware inferior, Xenoblade não seria tão absurdamente grandioso, já que produzir cenários do tamanho dos que são encontrados no jogo, com qualidade HD seria caro de mais.
Vale a pena ler o artigo.
Sim, isso é verdade; havia entendido que era uma reclamação sua também. Mas enfim.
Acho que o grande erro nessa questão dos graficos é pensa-los como um critério à parte, um criterio independente do jogo em questão.
Ha jogos que “exigem” graficos realistas, como alguns jogos de terror (não todos), e ha aqueles em que a atmosfera sombria ficaria prejudicada (caso dos ultimos Mortal Kombat ou dos Bioshock). Mas em outros graficos bons não fazem falta (citaria o primeiro Wii Sports, me diverti horrores com ele, jogando com 5, 6 pessoas).
E ha ainda aqueles que são bons à sua maneira — e nesse quesito o exemplo maximo que conheço é Mario. Como dizer que os graficos de um Super Mario 3, do NES, de um Super Mario World, do SNES, sao ruins? Sao perfeitamente adequados a proposta, a atmosfera e a mecânica do jogo. Alias, no Super Mario All Stars, que recolheu os Mario de NES num jogo so para SNES, ha retoques, mas o basico ja estava la.
Falo tudo isso como jogador casual, apesar de entusiasta da Nintendo. Também não troco meu Wii, Matheus, apesar de curtir um God of War ou uns jogos de corrida do XBox.
E sim, obrigado pela dica do artigo.
Terminei o jogo há poucos dias e realmente é fantástico. Nunca fiquei tão impressionado com o escopo do mundo de um jogo quanto o de Xenoblade. Os ambientes não são somente imensos, em algumas áreas você gasta facilmente oito horas até achar todos os pontos de interesse, mas o valor artístico deles é incrível, o que faz com que o jogo facilmente faça você esquecer das limitações gráficas do Wii.
Definitivamente é o JRPG da geração.
Legal, parabens pelo review.
Muito boa a critica, estou quase que comprando um Wii so’ para poder jogar Xenoblade Chronicles. Tom Chick, que atualmente e’ o unico critico cuja opiniao ainda respeito (alem de voce, e’ claro) tambem diz maravilhas a respeito desse jogo e diz ser um dos melhores RPG’s de todos os tempos. Uma coisa porem me deixou confuso – Xenosaga 2 que eu saiba nao existe, voce esta se referindo ao segundo episodio da serie que saiu no PS2 por acaso? Eu joguei os 2 primeiros episodios ate’ o fim e nao lembro de haver tido muita diferenca entre eles. Abraco.
Sim, o PS2 teve três Xenosagas. Acho o primeiro ótimo, não obstante as seis mil cutscenes. O segundo já tinha aquele sistema de build, não aguentei chegar na metade. O terceiro está aqui, lacradinho. Presta? Eu tenho até aquele DVD que é uma COMPILAÇÃO das cutscenes, deus o livre.
Esse novo Xenoblade parece realmente ótimo!
Vi muita coisa do Last Story e do Pandora’s Tower (em vídeo, não jogando) e me empolguei com eles. Mas o XC parece ainda melhor!
Quero jogá-lo…
Parece realmente excelente, André.
Você acha que vale a pena pegar um Wii agora para jogar este jogo?! Nessa geração eu fui de Xbox e PS3, cheguei quase a pegar um Wii, mas desisti.
Eu sou amante de RPGs tbm, e já tenho uma fila enorme de RPGs para fechar…mas esse aí eu não quero perder de forma alguma.
Não sei se justifica a compra de um console. Talvez esperar o Wii U? Vai rodar jogos de Wii e pelo menos você fica com um console novo. Até porque o Wii não tem muitos RPGs bons, se é o teu gênero.
Tbm gosto do Fire Emblem, que é diferente, em turnos