O único Kickstarter que importa
06/04/12 21:43Tim Schafer conseguiu mais de US$ 3 milhões no Kickstarter. “Wasteland 2” passou de US$ 2 milhões. “The Banner Saga“, que será feito por uma equipe de ex-funcionários da Bioware, arrecadou 400% a mais do que estava sendo pedido. “Faster Than Light“, jogo de estratégia espacial, tirou 2000% a mais. O criador do “Shadowrun” original conseguiu financiar uma sequência em menos de 48 horas. Um novo “Leisure Suit Larry”, com envolvimento do Al Lowe, segue num ritmo bom. E Chris Jones já está preparando a volta de Tex Murphy (“A nona e última tentativa de reviver o personagem”).
Que momento excelente para essas empresas de médio e pequeno porte. Torço para que o Kickstarter se firme como uma alternativa duradoura e viável de financiamento. Se as grandes produtoras continuarem arriscando pouco, os fãs continuarão a investir mais em projetos independentes. Nada isenta esses jogos de serem terríveis, mas o sentimento de comunidade que cresce em torno do Kickstarter me parece menos frio que uma produção tradicional, onde a participação “espontânea” dos jogadores costuma ser mediada por equipes de marketing e pesquisas de mercado. Sempre haverá compradores para o jogo de tiro da vez ou para Madden 2027. Mas suspeito que o chamado ÉTHOS MICREIRO (desculpas gerais) passará a sustentar toda uma faixa média de jogos, se possível entregando o dinheiro diretamente nas mãos dos criadores.
O que me leva ao título deste post e ao único Kickstarter que interessa. Jane Jensen, a criadora de Gabriel Knight, está pedindo seu dinheiro para dar fôlego ao estúdio que abriu ao lado do marido. Dependendo de quanto conseguirem, vão produzir um ou dois adventures no próximo ano. Ela diz que, tendo produzido um jogo grande, será mais fácil conseguir de volta a licença e, eventualmente, dirigir outro Gabriel Knight. Ok? Ok.
Nessa primeira temporada, os doadores votarão entre três projetos: a sequência de “Gray Matter”, último jogo da autora, um mistério chamado “Moebius” e um jogo anglófilo, como ela vem chamando, inspirado em Jane Austen e na série “Downton Abbey”. Pra mim tanto faz. Nem gostei muito de “Grey Matter”, mas mesmo um adventure médio da Jane Jensen é melhor que qualquer outro jogo. Ei, eu disse que era fã.
Quem quiser ajudar pode colocar a mão no bolso aqui.
Tenho que discordar. Por mais que eu adore Jane Jensen e a série GK, ela não fez uma proposta clara e objetiva como Tim Schaffer e Al Lowe. Ela diz que vai fazer novos adventures, mas o primeiro produto será um livro infantil interativo, o que é ótimo, mas é algo que eu queira investir. Em segundo lugar, Ela gastou metade do primeiro vídeos com piadas com a filha e não explicou direito até agora como será o jogo, ou jogos, que ela vai fazer. Eu quero acreditar que ela vai fazer uma coisa boa, mas parece que ela só quer pegar a onda do kickstarter e ganhar um dinheiro.
O modelo dela é de fato menos certeiro – investe-se num ano de estúdio e não em um jogo específico. Mas ela sacou isso e já nesse fim de semana vai realizar a votação para que os colaboradores escolham um dos três. Sobre o livro, é justo para levantar fundos, as pessoas que colaborarem só vão ganhar porque, enfim, já estão doando. Ao mesmo tempo, as curtas descrições dos três jogos já são mais do que sabemos (objetivamente) sobre o jogo da Double Fine, não? Acho que dificilmente cegará a 600 mil e ela acabará fazendo o “Moebius” (pra mim está bom).
Impressionante o sucesso que esse pessoal está tendo e realmente, muito merecido. Hoje em dia, o grande público só joga Grand Theft Auto 18, fifa 3012 e Qualquer Jogo de Guerra 9.