Fim de semana nas Cruzadas
26/02/12 16:22Há pouco tempo, fiz uma coluna (aqui, para assinantes) sobre a Paradox Interactive, uma produtora sueca especializada no gênero grand strategy. São jogos de simulação histórica, em que você assume algum país ou reinado e pode conduzi-lo como bem entender ao longo dos séculos. Cada título foca algum período diferente: há jogos de Segunda Guerra, Japão feudal, Roma antiga, Guerra Fria, o que você quiser. E tudo é pesquisado, desde os indicadores econômicos até os nomes dos governantes e políticos de cada nação.
O grande barato desses jogos, no entanto, é o grau de liberdade. Via de regra, não há objetivos definidos, apenas um vasto e detalhado mapa, e dezenas de tabelas maravilhosas em que o jogador vai construindo aos poucos seu governo, reinado etc. São dessas coisas que parecem chatas e despropositadas quando a gente tenta explicar, mas que realmente valem o investimento de tempo e paciência.
Há umas duas semanas, a Paradox lançou “Crusader Kings 2”, simulador de Idade Média que cobre o período de 1066 a 1452. A grande diferença entre CK2 e os outros jogos da produtora é que aqui você não escolhe um país, e sim um personagem. É a família dele que você vai controlar, década após década, manejando descendentes, arranjando casamentos e se valendo de uma vasta gama de recursos sórdidos para ficar no poder. Se morrer sem deixar um herdeiro, o jogo acaba.
Cada personagem tem um determinado número de terras. Caso escolha algum dos reis do período, você vai comandar diversos condados e centenas de vassalos, todos com personalidade própria, anseios, fraquezas. Outro caminho é sair com uma família pequena e tentar transformá-la em uma das grandes dinastias da Idade Média. Enquanto isso, é preciso lidar com o papa, as Cruzadas, invasores, assassinos na corte, fratricídio, traição e luxúria.
Seja qual for o caminho, a trama que vai se desenrolar será única a cada partida. No meu caso, a primeira experiência foi uma longa e franca ruína dinástica. Após cento e cinquenta anos gerenciando uma família ambiciosa, traiçoeira e francamente ingrata, conduzi meu ducado à pobreza e terminei conquistado pelos mouros.
Mas também derrubei um papa, casei nove filhos por interesse e tomei Sorrento assassinando o marido da duquesa e casando ela com um primo que havia perdido o braço e a vontade de viver numa justa. Puxei o saco de dezenas de bispos e depois traí todos eles com uma taxação desonesta dos terrenos da Igreja. Mudei as leis de sucessão para desfavorecer parentes desagradáveis e matei duas tias conspiradoras. Participei da Guerra Santa, mas, ao primeiro sinal de perigo, mandei metade da minha família para a corte do inimigo (o que acabou não se provando a melhor das estratégias). E sobrevivi a um cerco de mais de dois anos aplicando no invasor o velho golpe do casamento seguido de assassinato.
Candidato fortíssimo a jogo do ano. Vou começar uma partida mais longa, controlando um território maior, e volto ao assunto.
Como é tradicional da Paradox, CK2 ganhará expansões oficiais e será elaborado pela vasta comunidade que existe em torno desses jogos. Ainda não é possível controlar os estados pagãos nem as teocracias, por conta do elaborado sistema religioso, mas duvido que não lancem um módulo novo até o fim do ano.
Aqui dá para baixar uma demo dos primeiros vinte anos de jogo, com quatro dos personagens.
O jogo é exclusivo para o PC, custa US$39,99 e está disponível pelo Steam e em outras plataformas de venda digital.
Nós da comunidade Grand Strategy Brazil – GSB, ficamos gratamente surpresos e ler esta matéria. Somos a maior comunidade deste gênero de linguá portuguesa, e possuímos vasto conteúdo sobre este tipo de games, promovendo campeonatos, MPs e muitas outras atividades. Parabéns ao autor e aproveitamos para convidar todos anos visitarem. http://www.gsbrazil.net
Quem diria que eu viria uma matéria sobre jogos da Paradox Interactive em um blog da Folha!
Parabéns, muito bacana a iniciativa.
Andre, agradeço se puder um rápida ficha técnica sobre o jogo. PLataforma, Onde comprar, etc. Parabens pelo blog
Atualizei no post, tinha esquecido.
Andre, parabens pelo blog. Queria perguntar se o jogo tem batalhas em campo, tal qual Medieval Total War? Abracos e boa sorte. Jurgens
Ele lembra muita as outras parte da série Total War, de estratégia. Mas as invasões militares são no estilo Civ: você manda o exército mas não organiza a batalha em campo. Como eu não tenho mão para estratégia em tempo real, sempre joguei os Total Wars pulando o combate…
Como ?
Quanto ?
e Boa Sorte…
Opa, esqueci completamente: custa US$39,99 e está à venda pelo Steam.
Não conhecia o jogo, mas parece ser muito interessante, vou procurar comprá-lo. Valeu!
Como esses títulos se comparam com a linha Civilization? Nada de versão pra mac, né?
Legal ver nascer um blog mais “sério” sobre jogos por aqui – já era hora. Boa sorte!
Os jogos da Paradox são mais detalhistas e realistas, mas têm a mesma pegada do Civ. A diferença é que o Civ é um jogo mais abrangente e, por ter uma mecânica simplificada (em comparação à Paradox), acaba se passando ao longo de centenas de anos. Os jogos da Paradox são mais fechados em determinados períodos históricos, o que permite um realismo muito grande. Comecei a gostar da Paradox depois de jogar muito (muito) Civ e começar a achar meio limitado. O “Crusader Kings 2” não saiu para Mac, mas tanto o “Europa Universalis 3”, um dos meus favoritos, quanto o “Hearts of Iron 3”, de Segunda Guerra, estão disponíveis para Mac pelo Steam.